Divulgação.
André Felipe, “MeiaUm” como é conhecido pelos internautas e produtores musicais, é um DJ nordestino nascido e criado na periferia de Fortaleza – CE. Aos 22 anos, além de um longo histórico remixando músicas de grandes artistas do cenário nacional, carrega no peito a lembrança de uma infância tranquila na capital cearense, onde seus pais tiravam leite de pedra para que ele se tornasse o que é hoje. Inclusive, mesmo seus pais não possuindo nenhuma ligação com a produção de musical, foi através deles que o MeiaUm conheceu, desde cedo, os ritmos que curte até hoje e recebeu o suporte que precisava para seguir o tão sonhado [às vezes árduo, às vezes confortável] caminho.
Este sonho começou ainda adolescente. Por volta dos 14 anos, André Felipe se interessou pelo processo de produção, sempre com o intuito de se divertir reproduzindo e misturando os sons que gostava de ouvir. É bonito saber que a arte nos encontra independentemente do momento, é mais bonito ainda quando ela nos encontra brincando. Aos 18 anos, lançou seu primeiro mixtape só com remixes, porém já realizava trabalhos comerciais como propagandas e singles. Também, como DJ, fez shows pela cidade cearense e durante a pandemia animou alguns momentos de forma online.
Atualmente, o André é um streamer da Twitch e possui dois canais no Youtube, sendo um deles de ‘cortes’ retirados das streams, levando o seu nome artístico “MeiaUm” tendo 152mil inscritos e um canal onde divulga suas produções, mixtapes, álbuns… intitulado como “meiaum musica” contando com mais de 484mil acompanhantes.
É uma grande aposta pro cenário de produtores nacionais para os próximos anos e movido pelo apoio dos fãs, da família e de si mesmo, tem vencido todos desafios que sempre lhe são impostos.
Nós tivemos uma palavrinha com ele, essa semana.
Fiquem agora, além das músicas, com o que o rapaz tem a dizer.
Nildo Morais: Que papel a música tem na sua vida? Quando você acha que foi o seu primeiro contato com ela? Me diga: quais artistas te motivaram, quem te inspira no ramo…
André (MeiaUm): Pra mim a música é a maneira mais genuína que encontrei pra expressar o que sinto, não sei nem descrever quando esse sentimento começou, mas sempre tive essa relação bem íntima, não só com as letras, mas com o ritmo em si, sempre foi algo que mexeu profundamente comigo. Meu grande primeiro contato provavelmente foi a música DISCO, meus pais sempre gostaram e é a lembrança mais antiga que tenho (gosto muito até hoje) com o tempo eu fui aprendendo como tudo era sintetizado e fui me encantando cada vez mais, trazendo algumas referências disso pros meus trabalhos atuais, não diria que teve um artista em específico que me motivou, mas eu tinha a certeza que eu queria criar música.
Nildo Morais: Se eu te perguntar qual gênero você mais aprecia dentro da música nacional, seria algo fácil de responder? fique à vontade para falar sobre suas músicas favoritas, cantores, ritmos…
André (MeiaUm): Definitivamente não é fácil dizer qual gênero mais aprecio, gosto de bastante coisa daqui, amo muito os ritmos percussivos, adoro samba, pagode, acho extremamente dançante, ao mesmo tempo que por muito tempo ouvi bastante rap nacional, forró e funk, que é bem popular por aqui, foi no meio dessa sopa de gêneros que me desenvolvi musicalmente, acho que acabei pegando um pouco que gostava de cada
Nildo Morais: Há uma pergunta que eu sempre gosto de fazer quando entrevisto algum artista e gostaria que você também me respondesse: dentro do seu processo criativo, você cria algum “eu-lírico” para cada obra ou todas elas contam sobre a evolução da mesma personagem? como isso se dá?
André (MeiaUm): Como mencionei, a música é a maneira que encontrei pra expressar o que sinto e como percebo o mundo, então em cada processo tento passar musicalmente todas essas sensações, acaba sendo um processo bem íntimo, a grande maioria das obras são sobre mim.
Nildo Morais: Outro ponto importante que eu gostaria que conversássemos é sobre o cenário brasileiro no seu estilo musical. Quais são as maiores dificuldades que você enfrenta?
André (MeiaUm): Atualmente tenho buscado experimentar novos sons e novas combinações, isso eventualmente causa um pouco de estranheza mas tem sido um processo bem interessante de descoberta musical, entretanto muito dos meus projetos ainda estão meio engavetados, acho que num geral no cenário brasileiro atual há pouco conhecimento de artistas que também tentam o mesmo, então acho que a grande dificuldade pra mim atualmente tem sido achar uma maneira de apresentar esses trabalhos ao público de uma maneira que faça sentido, que as pessoas consigam se identificar e entender esse processo.
Nildo Morais: Como falamos sobre dificuldades na pergunta anterior, fiquei curioso… já houve alguma discriminação ou ofensa contra ti por você ser nordestino? mesmo que não tenha acontecido contigo especificamente, você acha que isso ainda é comum hoje em dia?
André (MeiaUm): Infelizmente já aconteceram diversas vezes, não só comigo, mas com alguns amigos, fora as vezes onde a situação é bem velada e derivada da visão estereotipada, já houveram momentos bem desconfortáveis, numa delas, por exemplo, durante uma entrevista com um contratante para um trabalho o mesmo não parava de repetir algumas palavras do meu sotaque, e em seguida deu a entender que eu não conseguiria realizar uma atividade pois, “não valia muito a pena contratar baiano” obviamente não segui em frente, porém na época não procurei reaver isso de nenhuma forma e só segui, e sim, esse tipo de comportamento é bem comum hoje é desanimador.
Nildo Morais: Umas amigas, muito fãs suas, me falaram que você tem um álbum novo pro ano que vem. Gostaria de falar sobre ele? É você mesmo quem fará a produção ou contará com ajuda de parceiros? Já tem ideia de como ele será composto?
André (MeiaUm): Sim, estou preparando esse álbum novo pra 2021, vai contar com todos esses trabalhos experimentais que venho desenvolvendo desde o final de 2019, definitivamente será meu maior projeto musical até hoje, a ideia é que o conjunto da obra seja a síntese de tudo que desenvolvi musicalmente até hoje, definitivamente o projeto mais “eu” possível.
Nildo Morais: Agradeço muito sua presença aqui, meiaum, e gostaria de ceder esse espaço a você! Fique à vontade pra falar sobre o que quiser! Divulgar suas redes sociais, dar conselhos para os que estão começando, mandar um recado para os fãs, contar mais sobre sua jornada, como espera que o cenário esteja no futuro… enfim! Fique à vontade para falar sobre o que quiser!
André (MeiaUm): Fico muito feliz de poder ter esse espaço pra falar sobre minha arte, pra me encontrar pela internet basta musicar por “omeiaum” em qualquer rede social. Pro pessoal que tá começando, acho que o conselho que eu posso dar é bem óbvio. Comece, crie, faça arte, muita gente me pergunta o que é preciso ter ou saber pra começar, e eu sempre respondo isso, só começa e descubra seu caminho, eventualmente você vai achar um meio e um público que se identifica com sua arte.