28 de abril de 2025

Playlist “Além da BR” #265 – Sons do mundo que chegam até nós

Somos uma revista de arte nacional, sim! No entanto, em respeito à inúmeras e valiosas sugestões que recebemos de artistas de diversas partes do mundo, criamos uma playlist chamada “Além da BR”. Como uma forma de estende-la, nasceu essa publicação no site, que agora chega a sua 265ª edição. Neste espaço, iremos abordar alguns dos lançamentos mais interessantes que nos são apresentados.

Até o primeiro semestre de 2024 publicávamos também no formato de texto corrido, produzido pela redação da Arte Brasileira. Contudo, decidimos publicar apenas no formato minientrevista, em resposta aos pedidos de parte significativa dos nossos leitores.

CECI NOIR“DOWN TO THE VALLEYS” – (Suécia)

O que originou essa música? A origem dessa música vem da minha própria luta para superar desafios profundos, como se eu estivesse metaforicamente subindo de Swede Hollow, um vale onde os suecos imigrantes chegaram quando foram para a América. Poucos conseguiram sair de lá e construir uma vida melhor. Fiz uma promessa a mim mesmo de que sou um daqueles que têm força para subir, vencer e alcançar o sucesso.

A letra, o que diz e qual sua mensagem? A letra fala sobre resiliência, perseverança e a luta para alcançar seus objetivos, mesmo diante de desafios difíceis. É uma mensagem de determinação e superação. A frase cantada “down to the valleys” provavelmente foi inspirada na música “Down to the Bottom”, da cantora de rock Dorothy.

Como você pode sintetizar o conceito musical dela? O conceito musical é rock alternativo, com trechos de blues rock e elementos de metal. O vocal pode ter influências de soul e blues.

Descreva como foram os processos de produção musical e gravação em estúdio. A gravação foi feita parcialmente em casa – com vocais, baixo e guitarras sendo adicionados posteriormente –, enquanto a bateria foi gravada em um estúdio profissional.

Essa é uma faixa do seu novo álbum? Fale sobre ele. Sim, essa música faz parte do meu próximo álbum, Voltage Valleys, um álbum conceitual que será lançado em 2025. Espero que minha música alcance muito além das fronteiras da Suécia e chegue ao mundo, e que eu possa tocar ao vivo no exterior e conhecer o mundo em um futuro próximo.

Respostas CECI NOIR

Vigner“TRAPPED” – (Argentina)

Qual a melhor descrição dessa música, seu conceito geral?Trapped” é uma música urbana que quebra padrões ao misturar sons orquestrais e sinfônicos, criando uma atmosfera sombria, mas envolvente. Fala sobre alienação e desamor, combinando o clássico e o nostálgico com uma produção moderna.

O que especificamente você diz na letra da música, e qual sua mensagem? A música conta a história de alguém que se sente preso em sua vida, sua sorte e suas más decisões. É um sentimento com o qual muitos podem se identificar: a sensação de estar preso em um ciclo do qual parece impossível sair.

O que originou a composição? Minha própria vida, meus erros e momentos difíceis, mas também aqueles instantes de esperança que te fazem seguir em frente.

O que representa a fotografia da arte de capa da música? A imagem é uma versão escurecida da capa do meu primeiro EP, Volando al Sol. Mostra um casal dos anos 50 se afastando do Monte Fitz Roy, na Patagônia, mas desta vez completamente em preto, como se estivessem presos na sombra ou apagados por um véu de angústia. Reflete perfeitamente a sensação da música.

Há algo de curioso sobre o lançamento que você queira destacar? É a primeira vez que mergulho no gênero urbano, incluindo rap e elementos do hip-hop. Um novo desafio que traz uma virada diferente para minha música.

Respostas Vigner

NEE-SHA – “Intervene (feat. q-IZI)” – (Austria)

– O que exatamente você diz na letra da música e qual é a sua mensagem?

Em Intervene, a letra explora a luta de testemunhar a violência doméstica e o conflito interno entre ficar em silêncio e tomar uma atitude. A música segue duas pessoas que moram no mesmo prédio. Ambas sabem do abuso que acontece a portas fechadas, mas hesitam em intervir. Ela reflete a realidade de muitas pessoas que se sentem impotentes nessas situações, convencendo-se de que não é seu papel intervir. Minha mensagem é clara: “O silêncio é uma escolha, e até pequenas ações podem fazer a diferença.” A música é um chamado para a conscientização e a solidariedade no seu bairro, incentivando a coragem de falar. Para ouvir atentamente, observar e INTERVIR.

– O que inspirou a composição?

Eu queria traduzir o sentimento de impotência em música, ao mesmo tempo mostrando que sempre há uma maneira de ajudar—seja estendendo a mão para alguém, amplificando sua voz ou apoiando organizações que combatem a violência doméstica. Musicalmente, comecei com uma batida simples no meu quarto e fui adicionando camadas de textura. Quando q-IZI entrou na faixa, sua voz acrescentou uma nova camada de compreensão, trazendo outro idioma para a música.

– Como você definiria a música musicalmente?

Musicalmente, “Intervene feat. q-IZI” é uma fusão de Neo-Soul, Hip-Hop e talvez R&B consciente, com uma vibe sombria, porém atmosférica. Estamos ouvindo um duo dinâmico de contadores de histórias, que embalaram uma mensagem forte em batidas envolventes, tornando o impacto ainda mais poderoso.

– Essa música tem alguma relação com a cultura e a música do seu país?

A Áustria é conhecida por seu legado clássico, mas a cena musical underground é incrivelmente diversa, e há um espaço crescente para artistas socialmente conscientes como eu. Intervene faz parte desse movimento: artistas que usam a música como ferramenta de ativismo. As influências multiculturais de Viena moldaram meu som, misturando elementos soul com produção moderna de hip-hop. Minha colaboração com movimentos como #KlappeAuf e StoP (Stadtteile ohne Partnergewalt – Bairros Sem Violência Doméstica), além das Autonomen Frauenhäuser (Casas Autônomas para Mulheres) em Viena, também conecta diretamente a música aos esforços sociais em andamento na Áustria.

– Há algo de curioso ou especial sobre o lançamento que você gostaria de destacar?

Uma coisa especial sobre esse lançamento é que a música foi inteiramente produzida por mim no meu quarto. Começou como um projeto pessoal, mas cresceu para algo muito maior, com um videoclipe incrível dirigido por Katharina Simunic, em colaboração com ativistas e organizações que lutam contra a violência doméstica. Isso me mostrou que essa faixa não é apenas sobre música—é sobre causar um impacto real.

Respostas NEE-SHA

Joe Holtaway – “The Letting Go” – (Reino Unido)

Qual é a melhor descrição desse lançamento? The Letting Go é uma nova música do cantor e compositor britânico Joe Holtaway. Joe está lançando uma música todo mês junto com uma entrevista em podcast com alguém que tem conhecimento sobre os assuntos e também viaja para um local no Reino Unido para filmar uma apresentação ao vivo.

saiba mais aqui : https://joeholtaway.com/heating-of-the-ages/

O que você retrata na letra e qual é a sua mensagem? The Letting Go é sobre encontrar paz na perda e no luto. Um escritor de quem gosto, chamado Eckhart Tolle, falou sobre o luto assim: o nascimento é o oposto da morte, mas a vida não tem opostos – não ficamos tristes quando o pôr do sol chega, porque sabemos que a vida volta depois. Acho isso muito libertador.

O que inspirou a composição? Eu estava trabalhando no meu próprio processo de luto depois que um amigo faleceu e a música surgiu.

Sobre os arranjos e instrumentos na música, qual é o seu comentário? Adoro o som country do pedal steel, foi bom tocá-lo. Sou muito grato a Monica Max West nos acordes de piano e Sergio Costa no baixo – ambos sentem as músicas muito bem – meu amor por eles aqui.

É possível estabelecer uma conexão entre essa música e seu país, o Reino Unido? A paz esteja com você do Brasil! Eu cresci na Cornualha (bem sudoeste), uma área rural com uma paisagem tranquila e bonita. Gravei uma versão minha aqui tocando a música em uma praia onde costumava caminhar com minha avó. As imagens do meio são de um memorial que fizemos para ela no ano passado.

Respostas Joe Holtaway

Peter John Whitmore – “What We Are, We Are Together” – (Reino Unido)

Qual é a melhor descrição deste lançamento? Este é o meu primeiro single retirado do álbum, Time to Reflect. É a faixa que mais significa para mim devido à sua mensagem.

O que isso retrata na letra e qual é a sua mensagem? É a história de como minha esposa e eu nos conhecemos, como nos tornamos amantes e amigos e como, depois que me machuquei em um acidente estúpido, ela ficou do meu lado, como continuamos lutando e como superamos as dificuldades, mas como é difícil me perdoar pelo que nos fiz passar.

O que é que inspirou a composição? Foi inspirada na gravura das nossas alianças, com que a minha mulher me surpreendeu no nosso trigésimo aniversário de casamento. A gravura está em alemão e traduz-se por “O que somos, estamos juntos” (Was wir sind, sind wir zusammen’). Foi esse o principal impulso para a criação da canção.

Quais são seus comentários sobre os arranjos e instrumentos da música? A forma fluida e reflexiva da introdução que leva à confissão de ser “estúpido” e a frieza do primeiro refrão continuam no segundo verso. Quando chegamos à ponte, ouvimos o aumento da paixão e o apelo ao perdão final, e a música termina da mesma forma reflexiva com que começou. Uma guitarra acústica simples dá à faixa seu sentido reflexivo.

Há alguma curiosidade sobre o lançamento que você gostaria de apontar? Tenho um pouco de medo de admitir que escrevi toda a faixa sozinho, mas usei AI ( suno.com ) para compô-la.

Respostas Peter John Whitmore

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