12 de maio de 2025

Playlist “Além da BR” #272 – Sons do mundo que chegam até nós

Somos uma revista de arte nacional, sim! No entanto, em respeito à inúmeras e valiosas sugestões que recebemos de artistas de diversas partes do mundo, criamos uma playlist chamada “Além da BR”. Como uma forma de estende-la, nasceu essa publicação no site, que agora chega a sua 272ª edição. Neste espaço, iremos abordar alguns dos lançamentos mais interessantes que nos são apresentados.

Até o primeiro semestre de 2024 publicávamos também no formato de texto corrido, produzido pela redação da Arte Brasileira. Contudo, decidimos publicar apenas no formato minientrevista, em resposta aos pedidos de parte significativa dos nossos leitores.

BB and The Bullets – “Something In The Water” – (Nova Zelândia)

Qual é a melhor sinopse deste lançamento? Esta é uma música de rock pragmática, baseada em blues, de um trio neozelandês. Não há onde se esconder aqui — tudo funciona perfeitamente, com bateria excelente, baixo sólido, guitarra incrível e vocais com a atitude certa. É uma música positiva que reflete o quão incrível este lugar é, sugerindo que deve haver algo na água!

Em que momento surgiu essa composição? Escrevi-o quando me mudei para Whanganui. A cidade é construída ao redor de um belo rio, chamado “Awa” na língua maori. O rio é o espírito da cidade e eleva o ânimo de todos que o veem. O rio Whanganui é o único rio do mundo ao qual foi legalmente concedido o mesmo status e os mesmos direitos de uma pessoa.

É uma carta ou o que ela diz especificamente? Diz especificamente que este lugar é especial, esta garota é especial e que deve haver algo especial na água! É um convite para fazer algo grandioso!

Qual é a ligação entre a música e seu país? A música e a música são inspiradas em Whanganui, especialmente no rio. As pessoas aqui adoram sair e ver música ao vivo e apoiam muito o BB e o The Bullets .

Há algo curioso que você gostaria de destacar? Acho que o som da banda é especial e único. Esta gravação tem frescor e crueza, mas permanece polida. Soa ótima no rádio ou onde quer que seja tocada — realmente salta dos alto-falantes! Como a tocamos ao vivo, e nossos fãs adoram cantar junto, não foi problema gravá-la. Acho que é por isso que soa tão fresco, com um toque especial! Adoro ouvir esses fãs cantando junto!

Respostas BB and The Bullets

Josh Bissell“Clues (feat. Spencer Annis)” – (EUA)

Qual é a melhor sinopse deste lançamento? “Clues” é, na verdade, uma história da minha própria fragilidade. Surgiu de um momento em que fiz perguntas difíceis a Deus — por que passamos pela escuridão, por que a fragilidade é parte tão importante da nossa história. Não é uma música com respostas prontas; é mais uma conversa com Deus, cheia de tensão e honestidade. Mas, ao mesmo tempo, é um lembrete de que nossa fragilidade não é o fim da história. Na verdade, nos aponta para a nossa necessidade de um Salvador — e esse Salvador é Jesus. Ele é a luz que nos encontra na escuridão, e Ele nem sempre resolve as coisas instantaneamente, mas permanece conosco. E, às vezes, as “pistas” são apenas pequenos lembretes da Sua presença quando mais precisamos.

E quando surgiu essa composição? Foi escrito em fevereiro de 2023 com minhas amigas Paige e Chelsea. Essa sessão aconteceu em um momento em que eu estava começando a processar partes mais profundas da minha história — coisas que eu realmente não tinha colocado em palavras antes. Não cheguei com um título ou um gancho, apenas com esse peso que eu carregava desde a infância. A sala de escrita se tornou um lugar seguro para lidar com esses pensamentos em voz alta. O que saiu não foi uma música cheia de resoluções — foi crua, reflexiva e honesta. Simplesmente deixamos a música se desenrolar naturalmente e, no final do dia, tínhamos algo que parecia estar sempre esperando para ser escrito.

E a letra, o que ela diz especificamente? A letra de “Clues” fala, na verdade, sobre a jornada de tentar dar sentido à dor, à escuridão e à confusão. Na música, faço grandes perguntas sobre a fragilidade que vivenciamos — de onde ela vem e por que a carregamos conosco? A imagem de “atravessar a vegetação rasteira” e “peneirar areia entre as mãos sujas” fala da luta para encontrar clareza e cura, especialmente quando o passado parece um emaranhado de feridas não resolvidas. Mas o que eu amo na música é que ela também aborda a ideia de buscar algo mais — esperança, significado e compreensão. Mesmo quando parece que estamos perdidos nas sombras, ainda existe essa confiança subjacente de que existem pistas da presença de Deus ao nosso redor, nos guiando para frente. A música é um lembrete de que, mesmo em nossa fragilidade e incerteza, não estamos abandonados — o caminho ainda nos é mostrado, passo a passo.

Conte-nos sobre o filme com Spencer Annis. Ouço a música de Spencer Annis há anos. Como uma figura fundamental na cena musical cristã indie, seu coração, profundidade e criatividade têm sido uma grande inspiração para mim. Ele também é um produtor e engenheiro de mixagem incrivelmente talentoso. Então, quando tive a oportunidade de fazer parceria com Spencer para mixar e masterizar todos os meus discos de estúdio e ao vivo em 2024, fiquei extremamente animado. Colaborar com ele — se aprofundando nos detalhes das minhas músicas e extraindo o melhor delas — me levou a chamá-lo não apenas de um colaborador, mas de um amigo.

A música dele é cheia de profundidade, honestidade, vibração e, em última análise, uma bela expressão de adoração. Então, quando comecei a pensar em quem deveria participar do Clues , o Spencer foi a primeira pessoa em quem pensei. E que honra foi quando ele disse sim. Ele é a pessoa perfeita. E ele arrasou.

Quem é Josh Bissell? Sou marido e pai, o que significa que posso caminhar pela vida com minha família, encontrando significado tanto nos momentos cotidianos quanto nos desafios que enfrentamos juntos. Ser pai de três filhos me ensinou mais sobre graça, paciência e amor incondicional do que eu jamais imaginei. Como seguidor de Jesus, minha fé é a base de tudo o que faço, desde como lidero minha família até como encaro minha música. Liderar a adoração não se trata apenas de música para mim — trata-se de criar espaços onde outros possam encontrar Deus, seja na igreja, no carro ou no silêncio de seus próprios corações. Como compositor, tento refletir a fragilidade da vida, mas também a esperança que encontramos em Jesus. Já passei por minhas próprias lutas e quero que minha música seja um lembrete para os outros de que, mesmo nos momentos mais difíceis, o amor de Deus é constante e Sua cura é real. No cerne de tudo o que faço está o desejo de ver os quebrantados encontrarem esperança e cura. É por isso que escrevo — para aproximar as pessoas da verdade de que sempre há esperança Nele.

Respostas Josh

Hermetic Sage – “Waltz Of Rain And Thunder” – (EUA)

O que este lançamento representa em geral? Uma dualidade da experiência humana — como duas almas, uma acalmada pelo trovão e outra confortada apenas pela chuva, encontram harmonia na vulnerabilidade compartilhada. Explora como o amor transforma o medo em uma ponte, convertendo perspectivas contrastantes em uma dança de confiança e refúgio mútuo.

Quais assuntos você explora na letra? Confortos opostos: o trovão como “canção de ninar” para alguns e uma ameaça para outros, enquanto a chuva une ambos.

O amor como alquimia: o medo se suaviza (“a chuva suaviza seu hino“) quando ancorado na companhia, tornando as tempestades memoráveis.

União etérea: a “dança” de duas almas que fundem opostos (“o carinho do relâmpago” vs. “o choque do caos”).

O que inspirou a composição? A inspiração veio da minha própria sensação de calma com o som do trovão e da curiosidade em saber se outros se identificam em encontrar beleza no trovão enquanto seu amado o teme, mas juntos criam magia. A observação de como as tempestades polarizam reações — alguns agitados pelo poder do trovão, outros acalmados apenas pela chuva — inspirou essa metáfora para relacionamentos que prosperam ao equilibrar contrastes.

Qual o simbolismo da capa? Uma cabana aconchegante entre colinas, brilhando calorosamente enquanto um raio corta o céu. A cabana representa abrigo (o refúgio do amado contra o trovão), enquanto a tempestade lá fora reflete o parceiro que encontra paz no caos. Juntos, simbolizam a essência da música: forças opostas coexistindo para criar beleza.

Quais curiosidades você gostaria de destacar sobre o lançamento?

Dualidade identificável: a letra espelha divisões do mundo real (ex.: quem ama trovão vs. chuva) para retratar o amor como uma ponte.

Memória compartilhada: medo e calma se entrelaçam para aprofundar a intimidade (“Nossa história compartilhada, um momento digno de repetir“).

Arte como metáfora: o contraste cabana-tempestade na capa visualiza a tese da música: segurança não é a ausência de caos, mas encontrar um lar dentro dele.

Respostas Hermetic Sage

Konni55“In the Slipstream” – (Islândia)

E em qual momento essa composição surgiu?In the Slipstream” surgiu durante um inverno silencioso aqui na Islândia, quando eu estava passando por um período de introspecção. A ideia veio ao observar como, mesmo nos momentos em que não estamos no centro da ação, podemos nos deixar levar pela corrente das emoções, lembranças e possibilidades – como quem desliza na esteira do que já passou, mas ainda pulsa.

E a letra, o que especificamente ela diz? A letra fala sobre se entregar ao fluxo da vida – mesmo quando tudo parece estagnado. É sobre aceitar que nem sempre somos nós que guiamos, mas que podemos encontrar sentido no “slipstream”, nessa corrente invisível que nos move com suavidade. Há também um desejo de se reconectar com alguém ou com uma parte de si mesmo que ficou para trás.

Musicalmente, como você a descreve, ou seja, quais foram as referências? Musicalmente, a canção se encontra entre o jazz suave e a música de cinema clássica. As principais influências são artistas como Norah Jones, Henry Mancini, e o toque brasileiro de João Gilberto. A batida é delicada, com uma base harmônica quente e espaço para a melodia respirar. Imagine algo que poderia tocar no fim de um filme onde o personagem principal encontra paz.

Quanto à produção musical e arranjos, quais seus comentários? A produção foi pensada para ser simples, porém envolvente. Piano elétrico, baixo acústico e elementos percussivos muito sutis criam um ambiente sonhador. Os arranjos vocais são calmos, quase sussurrados em certos momentos, para criar essa sensação de proximidade emocional. Tudo foi feito para servir à atmosfera: íntima, leve e um pouco melancólica.

E, afinal, quem é a cantora Konni55? Konni55 é uma criação minha – uma persona vocal que representa a voz feminina da alma. Ela não é uma cantora real, mas sim uma personagem musical através da qual eu conto histórias com tons de sensibilidade, força e poesia. O número 55 representa um ponto de transição, meio de caminho, e Konni é o apelido de alguém muito querido que me inspirou a ver a beleza no simples.

Respostas de Hákon Skúlason (criador e produtor de Konni55)

Raquel Kurpershoek – “Estoy harta” – (Espanha)

Quando essa composição foi criada?Estoy Harta” significa “estou cansada” e conta a história de uma conversa entre mãe e filha. A filha compartilha suas inseguranças no amor com sua mãe por telefone, buscando conforto e conselhos sábios. A partir dessa experiência pessoal, surgiu essa música, um retrato honesto e íntimo de seus sentimentos naquele momento.

E a letra, o que ela diz exatamente? A letra de “Estoy Harta” descreve a imagem de uma filha cansada de amores que vêm e vão. Ela se sente insegura e anseia por clareza. Em sua busca por respostas, ela recorre à sua mãe, seu porto seguro e fonte de sabedoria.

Como você descreveria a parte musical? Quais foram as influências? Musicalmente, “Estoy Harta” é uma fusão rica de bolero, son montuno e flamenco. Esses estilos formam a base perfeita para a emoção que percorre a música. Raquel se inspira em artistas profundamente enraizados nessas tradições e traz a história à vida com um estilo vocal narrativo.

O que você pode dizer sobre a produção e os arranjos? A produção de “Estoy Harta” é inovadora, direta ao ponto e impregnada de emoção. Os arranjos respiram, deixam espaço para o silêncio e intensificam a sensação de intimidade. A formação conta com Daniel Vadillo (piano), Miguelito Cruz (percussão), Aarón Cruz (contrabaixo), Carlos Sarduy (trompete), com vocais de apoio de Daniel Lopez Montejo e Sara Corea. A banda abraça a voz de Raquel de uma maneira que torna sua história ainda mais impactante, como se você estivesse ao lado dela enquanto ela a conta. Tudo gira em torno do impacto emocional.

E por fim: quem é Raquel Kurpershoek? Raquel Kurpershoek é uma cantora e compositora luso-espanhola premiada, conhecida pela sua fusão única de estilos latino-americanos e flamenco. Cresceu em um ambiente artístico e culturalmente rico e encontrou sua própria voz musical desde cedo. Suas composições são enraizadas em emoção e histórias pessoais, muitas vezes com um toque poético. Raquel é uma contadora de histórias nata, honesta, poderosa e envolvente. Ela faz música que não só soa, mas também toca e conecta.

Respostas Raquel Kurpershoek

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