21 de março de 2025

Com 20 faixas em Vinil, Marcelo Callado lança autêntico álbum MUSICAL PORÉM [ENTREVISTA]


 

MUSICAL PORÉM deixou fortes marcas na carreira solo de Marcelo Callado. O disco – que além de estar disponivél nas plataformas digitais, também está presente em Vinil – é como diz o próprio artista “MUSICAL PORÉM é o abandono de um modo de vida e o começo de outro. Não por acaso ele começa com a palavra ‘nascer’ e termina com a palavra ‘deusa’, mas pronunciada de uma maneira que se entende ‘Deus há’.
 

Abaixo você verá uma entrevista na íntegra que fizemos com o músico:

 


 

O fato de você ser cantor, compositor e baterista influenciou de que maneira no álbum MUSICAL PORÉM?
Acho que o fato de ser originalmente baterista, transmite um certo ritmo peculiar na maneira em que toco outros instrumentos, consequentemente no modo de compor, já que componho na maioria das vezes no violão ou na guitarra. Tem uma coisa bacana também de um ritmo explorado nas letras, e no encaixe de certas letras nas melodias, isso pode também ter a ver com a bateria.
Por um outro lado a bateria incentivou-me diretamente a transitar para uma outra função, digamos que principal, num trabalho. Por não me sentir muito a vontade tocando somente bateria e cantando minhas composições, decidi mudar o foco, e passar pra outras funções dentro do arranjo musical de um disco ou de uma banda.
 

E o blues, o rock, e o folk como influenciaram esses processos do disco?
Diretamente. Embora eu curta gêneros diversos, esses três gêneros citados são os que mais me influenciam e influenciaram no disco. É o que mais escuto, e o que me fez ter vontade de ter banda, o rock’n’roll principalmente. Folk e Blues vieram depois.
 

No processo de feitura do MUSICAL PORÉM eu estava ouvindo e reouvindo exatamente esse tipo de som, Neil Young, Rolling Stones, Rita Lee, Ritchie Havens, Nick Drake, Titãs, Velvet Underground, The Beatles, Kevin Ayers, Jesus and Mary Chain, tá tudo ali no disco.
 

Fazia um bom tempo que eu não via tantas músicas num só trabalho. Por que teve essa escolha de agrupar 20 músicas em MUSICAL PORÉM?
Isso se deu pelo fato de que acumulei muita música, e quis, e quero, cada vez mais desopilar minha cabeça delas. Como sou amante de álbuns, não curto muito singles, e hoje em dia um álbum duplo é cada vez mais raro e caro, achei que estava na hora de ir contra a maré e satisfazer meu desejo e sonho pessoal, e mandar um bonito “foda-se geral”.
 

Ainda nessa pergunta, qual das canções, na sua opinião, acaba sendo o “carro-forte” do álbum? Ou você não teria uma “preferida”?
Gosto muito de BOA NOITE CINDERELLA. Pela singularidade dela. A letra forte e intrigante, seu assunto peculiar, e o modo como o abordei. O riff e a gravação nervosa que ela tem, comigo tocando somente guitarras ferozmente, o que se relaciona perfeitamente com a agonia da letra, sendo um lance bem solto, improvisado, sem cair no clichê noise.  Acho uma boa representante pro clima profundo que o disco possui, pelo menos a meu ver.
 

Como você chegou ao selo Rockit!? Pois eles estão apostando muito em novos e ótimos artistas…
Cheguei através do Dado Vila-Lobos e do Estevão Casé. Produzi com o Estevão nos estúdios da Rockit! o primeiro disco da Sarah Abdala, cantora e compositora de muito talento, que era pro Dado ter produzido, mas por questões de tempo não conseguiu. Do bom entendimento que tivemos nessa produção, acabei fazendo o meu primeiro disco, o MEU TRABALHO HAN SOLLO VOL.II com o Estevão e o Eduardo Manso. A Rockit! estava ressurgindo nessa época, então foi o perfeito timing pra a o trabalho conjunto. Lançamos o HAN SOLLO VOL.II e continuamos agora, sendo  o MUSICAL PORÉM uma  parceria também com a Embolacha, outro selo.
 

O álbum foi lançado também em vinil. Por que tomou essa decisão? Ou não foi algo que partiu de você?
Foi algo que partiu de mim sim. Sou amante do formato e queria realizar o sonho de fazer um álbum solo em vinil. Já tinha feito um compacto (CALLADO COMPACTO lançado em 2016) com quatro faixas  instrumentais, mas um álbum inteiro com canções ainda não. Era o momento certo.
 

Musicalmente, como você definiria esse novo álbum?
Música de careta doidão.
 

E poeticamente?
Poesia de careta doidão.
 

Fica evidente também que você colocou muito sua autenticidade no álbum…
Obrigado! Fico feliz que tenha achado isso. Pra mim é o que importa mais.
 

Como foram os processos de produção/gravação/criação do álbum?
Juntei todas as canções que queria gravar. No total eram vinte e uma, mas uma ficou de fora porque não gostei do resultado musical dela, apesar da letra estar na contra capa do álbum.
Ficaram vinte. Já vislumbrava como seriam os caminhos de cada uma delas, então gravamos (eu e Igor Ferreira, grande parceiro e co-produtor do disco, engenheiro de gravação, mixagem e masterização) todas as baterias no metrônomo, sem guia, com as formas na minha cabeça. Depois fui gravando tudo que eu mesmo poderia tocar de instrumentos de harmonia e percussão. Depois fui chamando amigos músicos e parceiros para participarem, e depois finalmente colocamos as vozes todas.
Usamos métodos não muito ortodoxos na gravação, (poucos e excêntricos microfones pra bateria, guitarras passando por toca fitas K7, e etc e tal)  para que conseguíssemos permear a sonoridade do lance com algo de artesanal que remetesse as gravações caseiras que sempre fiz em casa, mas que ao mesmo tempo ficassem com um som claro, não tão low-fi. Acho que conseguimos.

 

Tem alguma história interessante que envolva o trabalho?
Sim. Na faixa DO TEMPO DO ONÇA, o único samba do disco, contei com a participação dos meus dois tios; Nelson tocou flauta e Otávio tocou cavaquinho. Os dois nunca tinham participado de uma gravação “`a vera” e foi muito divertido, pois o Nelson fez o take dele de uma tacada só, mas de olho fechado e se agachando e se contorcendo todo pra longe do microfone, o que fazia com que eu tivesse que levantar o pedestal do mesmo, indo atrás da flauta, como se fosse um microfone “boom”. O take é genial e é o que ficou. Esse clima traduz muito o frescor da feitura do lance.
 

 

 

 

 

 

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