18 de maio de 2024
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Cantora italiana Anna Cuomo confirma a presença da bossa nova no mundo de 2022

Quando recebi a sugestão de pauta da cantora italiana Anna Cuomo, me assustei. Essa reação, entretanto, tem a emoção como sinônimo. Não seria nenhum exagero dizer que quase nunca recebo e-mails de artistas estrangeiros, até pelo fato do próprio nome da Revista insinuar que poucas chances eles tem de conseguir algo por aqui.

Sabemos, também, que o boom da bossa nova elevou a música brasileira a um patamar de “uma das melhores músicas populares do mundo”, pelo menos naquela época. Eu sou um devoto da nossa música e procuro nela me aprofundar, fato que pode render problemas em relação a escutar o mundo lá fora.

Anna, porém, me mostrou em uma “simples música” o quanto os ritmos brasileiros detestam fronteiras. Essa amostra de seu trabalho é “Canto Continuo”, canção lançada por ela em 2021 em álbum homônimo. Ao ouvir, inevitavelmente parecia estar ouvindo a própria bossa, a elegância e benevolência ambiental era a mesma. Como jornalista, no entanto, tenho o dever ético de investigar e procurar mais informações que sejam completas. Foi exatamente o que fiz.

Entrei em contato com Luciano Cricelli, aparentemente o “empresário” ou “amigo divulgador” da artista. As primeiras trocas de e-mails, porém, já me revelaram que Luciano é, na verdade, também o compositor desta faixa. Além disso, é cantor e filho de pais italianos e nascido no Brasil. A partir de então, o “céu da pauta” parecia se abrir.

Pedi gentilmente que Anna me enviasse um texto abordando sua relação com a música brasileira, o que aconteceu. Mas minha investigação ainda necessitava de um pouco a mais de aprofundamento. Assim, a artista me concedeu mais dois parágrafos a respeito dessa ligação.

Pensei em adaptar as palavras da artista para as minhas próprias, mas certamente eu estaria cometendo um erro grotesco, porque o mesmo sentimento que senti ao ler deverá ser a mesma que a dos meus leitores.

As mensagens na íntegra(tradução automática do Google)

1º email

“Falo (mal) e canto português mas não sei escrever bem…

Confirmo que tenho um amor infinito pelo Brasil e pela música brasileira. Trabalhei no Rio de Janeiro em 1997 e 2000 em um restaurante-piano bar na Lagoa, o Rapsódia. Era dirigido por Marly Sampaio, eu era a atração internacional e cantava italianos perenes, napolitanos, franceses, espanhóis e americanos. Mas aprendi muito com os músicos que trabalharam lá, Giselle Martine, Leila Rocha e Chiquinho Neto, com quem ainda mantenho contato. Adoro Elis Regina, Chico Buarque de Hollanda, Vinicius de Moraes, Toquinho, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Tom Jobim, Gal Costa, Marisa Monte etc. Mas também gosto de samba, forró e Daniela Mercury!

Tenho lembranças maravilhosas do Rio e espero voltar em breve!! Lá conheci pessoas que se tornaram celebridades como Dionísio Chavez e Carol Sampaio. Com a Costa Cruzeiros vi também Salvador da Bahia, Recife, Natal, São Paulo, Santos e Santa Catarina do Sul. Também cantei com Fred Bongusto em São Paulo.”

2º email

Como te disse, não foi só a experiência e o privilégio que tive de ter vivido e cantado no Brasil que formou meu gosto, minha atenção e sensibilidade em relação à sua música. 

Ouvi muito ao longo dos anos o seu repertório começando pelos clássicos. Acho que a união de poesia e melodia que o Brasil produz é insuperável porque é fruto de uma infinidade de influências que derivam das profundezas de diferentes culturas. Você tem raízes que vêm do povo, da Europa, da África, dos índios, do choro, do Jazz, do samba, da música erudita e muito mais. Eu amo tudo isso, o canto e o ritmo. A sua é uma terra abençoada que facilmente forma estruturas harmônicas e melodias complexas aparentemente simples que encantam com sua magia e tocam sentimentos universais. O que a música brasileira conseguiu gerar é uma herança que continua a evoluir, mantendo-se fiel às suas tradições. Ouço muita música que vem do seu país e sempre me surpreendo com a imaginação de seus autores. Eu não sou o único a amar seu mundo, na Itália muitos apreciam e tentam interpretar sua história. Recentemente um cantor italiano chamado Mario Venuti produziu um CD com clássicos da música italiana reinterpretando-os com formas clássicas brasileiras. O título é TropItalia, imagine quanta história há por trás dessa palavra apenas trocando um c por um t. 

Chegando à música Canto contínuo composta por Luciano Cricelli, cantor e compositor ítalo-brasileiro nascido no Brasil de pais italianos, devo dizer que fiquei imediatamente impressionado e quis interpretá-la com muito prazer. Tem uma melodia que imediatamente senti minha, um ritmo que é uma interpretação da bossa-nova misturada com outro ritmo com as congas à maneira cubana. Alterne o tom maior para o menor, assim como o humor. As progressões da melodia e harmonia seguem o estilo clássico que inspirou o autor. O modelo, se uma comparação tímida pode ser feita, pode ser encontrado naquela obra-prima da música intitulada Samba em prelúdio de Vinicius. Como no exemplo temos uma ausência, um amor finito. Mas uma coisa não pode acabar, como a memória de uma música que fica para sempre. Este canto contínuo é como uma doce corrente que se arrasta em direção ao amado. Mesmo que nada seja o mesmo, essa música é a força para continuar.

Caso você domine a língua italiana, deixo aqui as respostas na língua original, sem a tradução

Parlo (male) e canto portoghese ma non so scriverlo bene, ti scrivo in italiano.

Ti confermo che ho un amore infinito per il Brasile e la musica brasiliana. Ho lavorato a Rio de Janeiro nel 1997 e nel 2000 in un ristorante-pianobar sulla Lagoa, il Rhapsody. Era gestito da Marly Sampaio, ero l’attrazione internazionale e cantavo evergreen italiani, napoletani, francesi, spagnoli e americani. Ma ho imparato tanto dai musicisti che lavoravano lì, Giselle Martine, Leila Rocha e Chiquinho Neto, con i quali sono ancora in contatto. Amo Elis Regina, Chico Buarque de Hollanda, Vinicius de Moraes, Toquinho, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Tom Jobim, Gal Costa, Marisa Monte… etc. Ma mi piace anche il samba, il forrò e Daniela Mercury!

Ho un ricordo bellissimo di Rio e spero di tornarci presto!! Ho conosciuto lì persone diventate ora celebrità come Dionisio Chavez e Carol Sampaio. Con la Costa Crociere ho visto anche Salvador de Bahia, Recife, Natal, Sao Paulo, Santos e Santa Catarina do Sul. Ho anche cantato con Fred Bongusto a Sao Paulo.

Come ti dicevo, non è stata solo l’esperienza e il privilegio che ho avuto nell’aver vissuto e cantato in Brasile ad aver formato il mio gusto, la mia attenzione e sensibilità verso la vostra musica.

Ho ascoltato tanto negli anni del vostro repertorio a cominciare dai classici. Penso che l’unione di poesia e melodia che produce il Brasile sia insuperabile perché è il risultato di una infinità di influenze che derivano dal profondo di diverse culture. Avete radici che nascono dal popolo, dall’Europa, dall’Africa, dagli Indios, dal choro, dal Jazz, dal samba, dalla musica erudita, e molto altro. Io amo tutto questo, il canto e il ritmo. La vostra è una terra benedetta che con estrema facilità forma strutture armoniche e melodie complesse apparentemente semplici che incantano con la loro magia e toccano sentimenti universali. Quello che la musica brasiliana ha saputo generare è un patrimonio che continua a evolversi pur rimanendo fedele alle proprie tradizioni. Io ascolto molta musica che proviene dal vostro paese e rimango sempre stupita dalla fantasia dei vostri autori. Non sono l’unica ad amare il vostro mondo, in Italia molti apprezzano e cercano di interpretare la vostra storia. Recentemente un cantante italiano di nome Mario Venuti ha prodotto um cd con classici della musica italiana reinterpretandoli con forme classiche brasiliane. Il titolo è TropItalia, immagina un po’ quanta storia c’è dietro questa parola solo cambiando una c per una t.

Venendo al brano Canto continuo composto da Luciano Cricelli un cantautore italo-brasiliano nato in Brasile da genitori italiani, devo dire che mi ha subito entusiasmato e ho voluto interpretarlo con molto piacere. Ha una melodia che ho sentito subito mia, un ritmo che è una interpretazione della bossa-nova mischiata ad un altro ritmo con le congas ala maniera cubana. Alterna tonalità maggiore a quella minore, così pure l’atmosfera. Le progressioni della melodia e armonia seguono lo stilema classico a cui l’autore si è ispirato. Il modello, se si può fare un timido paragone, si può cercare in quel capolavoro di canzone intitolato Samba em preludio di Vinicius . Come nell’esempio abbiamo un’assenza, un amore finito. Ma una cosa non può finire, il ricordo di una canzone che rimane per sempre. Questo canto continuo è come una dolce catena che trascina verso l’amato. Anche se niente sarà come prima questo canto è la forza per andare avanti.

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Fundador e editor da Arte Brasileira. Jornalista por formação e amor. Apaixonado pelo Brasil e por seus grandes artistas.